Gife lança guia para incentivar investimentos em iniciativas voltadas aos direitos das mulheres
Por Amauri Eugênio Jr. A busca pela igualdade de gênero é um dos principais caminhos para a promoção do desenvolvimento sustentável na sociedade. A disparidade de condições entre homens e mulheres em aspectos como renda, condições de trabalho, presença nas esferas políticas de poder e execução de tarefas domésticas é um dos vetores […]
Por Amauri Eugênio Jr.
A busca pela igualdade de gênero é um dos principais caminhos para a promoção do desenvolvimento sustentável na sociedade. A disparidade de condições entre homens e mulheres em aspectos como renda, condições de trabalho, presença nas esferas políticas de poder e execução de tarefas domésticas é um dos vetores para haver desigualdades diversas.
Os fatores relacionados à disparidade de condições entre homens e mulheres na sociedade motivaram a inclusão da igualdade de gênero na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Dentro desse contexto, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) lançou em 10 de junho o guia O que o Investimento Social Privado Pode Fazer Por… Direitos das Mulheres?. A publicação, que é a sexta da série O que o Investimento Social Privado Pode Fazer Por…?, contou com apoio e promoção da Fundação Tide Setubal e do Instituto Avon e promoção do Agora é que São Elas e Fundo Elas.
O material, que foi desenvolvido pela Move Social, organização que esteve à frente do desenvolvimento da metodologia, contém subsídios básicos, conceitos, contextos, informações sobre panoramas, tendências e possibilidades para a atuação de organizações do Investimento Social Privado (ISP) nessa área – tais aspectos são fundamentados por meio de pesquisas e estudos relacionados à disparidade de gênero e à consequente desvalorização da mulher na sociedade civil. O projeto foi desenvolvido por meio de entrevistas, pesquisa bibliográfica e workshops com especialistas no segmento.
O lançamento, realizado por videoconferência com integrante de fundações, institutos ligados ao ISP e demais organizações da sociedade civil, contou com apresentações de dados, contextualização sobre a desigualdade de gêneros e insights para a atuação do ISP na mudança desse panorama. Gabriela Brettas, líder de projetos da Move Social, fez a apresentação do material e contextualizou as informações lá incluídas para evidenciar a desigualdade de gêneros. “O tom de tratamento dos desafios na publicação é perceber quais são os obstáculos para, posteriormente, isso alimentar as possíveis estratégias de atuação do ISP, considerando a realidade.”
Confira a íntegra da apresentação do guia
Caminhos e etapas para a promoção da equidade
Maria Alice Setubal, presidente dos conselhos da Fundação Tide Setubal e do Gife, citou a inspiração da promoção da equidade de gênero no trabalho da fundação desde o início, a começar pelo legado deixado por sua mãe, que dá nome à instituição, para o desenvolvimento do trabalho realizado. Essa marca acompanhou o percurso de trabalho e, após a mudança da missão da entidade, realizada em 2016, focou na intersecção entre raça e gênero, tornando-se um caminho natural no combate à desigualdade. Isso passa, inclusive, por aspectos como a composição racial e de gêneros no quadro de funcionários, inclusive em postos de liderança, e na potencialização e apoio a lideranças periféricas.
Ainda, Maria Alice destacou o papel que a participação feminina tem para mudanças no cenário político para o desenvolvimento de medidas em favor da equidade, em especial no cenário pós-pandemia de Covid-19. “O percentual de mulheres na política é baixíssimo se comparado com outros países da América Latina. É lá onde as questões do país, de municípios e dos estados são decididas e o olhar das mulheres em políticas públicas no legislativo, executivo e no judiciário faz muita diferença.”
Amália Fischer, coordenadora geral e cofundadora do Fundo Elas, falou sobre a importância de as instituições aplicarem em suas próprias estruturas os aspectos que defendem na sociedade civil – ponto abordado anteriormente por Maria Alice Setubal, inclusive.
Fischer retratou também quão fundamental é colocar a equidade de gêneros e o combate ao racismo no centro do debate a promoção da equidade. “A normalidade anterior é [repleta] de injustiças e não quero voltar a ela, e devemos pensar e trabalhar juntos para reconstruir a sociedade. Se não colocarmos a equidade racial e de gênero centro das nossas organizações, não conseguiremos transformar a sociedade. Isso não acontece apenas por meio das leis, mas também pelas mentes e corações. Precisamos transformar a nós mesmos para transformarmos o mundo.”
Por fim, Mafoane Odara, gerente do Instituto Avon, destacou como o guia poderá contribuir para entidades do ISP e para organizações desenvolverem programas e projetos voltados ao combate à desigualdade socioeconômica e à promoção da diversidade.
Para ela, a pandemia intensificou a importância da união de forças em favor desse objetivo e como o foco em gênero e raça será estratégico para tais objetivos serem alcançados. “Esses pontos sempre foram questões. Não foi a pandemia que apresentou isso, mas ela escancarou e trouxe uma lupa sobre esses aspectos. É irresponsável não olhar para isso como deveríamos, pois o investimento social é a ponte entre as empresas e o setor social. A inteligência de uma sociedade é a sociedade civil organizada.”
Para ler o guia
O guia O que o Investimento Social Privado Pode Fazer Por… Direitos das Mulheres? pode ser baixado e acessado aqui.