Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Fundação Tide Setubal desenvolve metodologias voltadas à atuação do ISP nas periferias
Publicações apresentam metodologias sobre projetos desenvolvidos pela Fundação Tide Setubal e visam compartilhar saberes com o ISP.
As organizações do campo do Investimento Social Privado (ISP) têm se destacado na criação de metodologias sobre projetos, com premissas inovadoras, que ampliam o impacto de suas iniciativas. Essas lógicas têm transformado a maneira de como realizar ações nos territórios periféricos, inclusive influenciado positivamente na formulação de políticas públicas.
Além disso, os resultados das metodologias sobre projetos têm gerado importantes publicações que não somente fazem a síntese e sistematização dos processos. Logo, elas tornam-se importantes documentos orientadores para que sejam replicadas por todo o país.
A Fundação Tide Setubal tem disponíveis diversas publicações, as quais revelam suas metodologias sobre projetos para ação. Os lançamentos desses materiais representa uma nova etapa no movimento institucional para sistematizar – e compartilhar com o ISP – pesquisas e metodologias para atuação em territórios periféricos e em diversos segmento que fundamentam o trabalho da Fundação no enfrentamento das desigualdades.
Nesse sentido, uma publicação, entre os lançamentos previstos para o segundo semestre, já está disponível. Trata-se do Programa Elas Periféricas – Uma experiência de fomento institucional de organizações lideradas por mulheres negras. Ainda, a segunda publicação prevista nessa série é Metodologia do Fomento para organizações e lideranças.
Para Mariana Almeida, diretora executiva da Fundação Tide Setubal, a criação de metodologias sobre projetos é uma ferramenta essencial nesse contexto. “Em primeiro lugar, a inovação é um ponto importante porque as novas metodologias de ação social propõem formas diferentes de atuar contra as desigualdades sociais. Além disso, ao serem sistematizadas e publicizadas, essas metodologias aumentam as possibilidades de continuidade dos processos.”
Quando fala de inovação, Mariana ressalta, desse modo, a questão dos tempos entre cada setor da sociedade. Ela destaca também as vantagens do terceiro setor nessa nova forma de fazer.“Os setores público e privado, que são os grandes sujeitos de transformação social, são pressionados pelos seus próprios tempos. Os períodos curtos de eleição e do faturamento do setor privado vão na contramão do tempo necessário para as soluções que enfrentem, de fato, as desigualdades sociais construídas no processo histórico. O ISP pode, sem essa pressão dos tempos, fazer a intermediação dessas ações e auxiliar ambos”
Fundação Tide Setubal e as inovações periféricas
A Fundação Tide Setubal tem criado, então, metodologias sobre projetos voltadas para o desenvolvimento local. Assim sendo, tais projetos dão ênfase às suas ações nas periferias urbanas, buscando transformar realidades por meio de iniciativas que promovem a equidade racial, o desenvolvimento econômico e a participação social.
Nesse sentido, há aprendizagem contínua em torno da necessidade do fortalecimento de lideranças por meio da escuta atenta de seus anseios. Idem na crença de que “fazer com” é sempre melhor do que “fazer para”. A mesma coisa ocorre com o desenvolvimento institucional de organizações de periferias e a simplificação do financiamento filantrópico.
Nesse contexto, uma das iniciativas que se tornou tema de uma publicação a respeito de metodologias sobre projetos é o Edital Elas Periféricas. A iniciativa, que nasceu em 2018, resultou de um diálogo direto com lideranças comunitárias. E o seu objetivo respondeu, enfim, à urgente necessidade de apoiar mulheres negras nas periferias do Brasil e promover equidade e justiça social.
O edital buscou atuar em diversos aspectos. Alguns desses pontos dizem respeito à adoção de um modelo flexível de prestação de contas, o apoio a organizações não formalizadas, a doação de recursos livres e flexíveis para o desenvolvimento institucional, em vez de se restringir a projetos específicos, e uma abordagem educativa. Esses tópicos visam capacitar as organizações para acessar recursos futuros, tanto filantrópicos quanto públicos, de modo eficiente. Além disso, a promoção de cuidados com a saúde mental das participantes sempre estiveram presentes.
Toda essa experiência foi organizada, enfim, na publicação Programa Elas Periféricas – Uma experiência de fomento institucional de organizações lideradas por mulheres negras.
Como conta Viviane Soranso, coordenadora do Programa Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso da Fundação: a motivação para sistematizar o Edital Elas Periféricas foi o aprendizado acumulado ao longo das suas quatro edições. “Foi um processo de construção conjunta e de muito aprendizado, que nos levou a repensar nosso modo de atuar como investidor. Queríamos compartilhar essa experiência com outros atores do campo, para promover uma troca rica e repensar nossa prática de forma coletiva”, comenta.
Metodologias sobre projetos para apoio a lideranças
Outra importante metodologia sobre projetos desenvolvida pela Fundação está na área de Fomento a Agentes e Causas. Nesse contexto, o desenvolvimento da publicação teve como objetivo apresentar caminhos para simplificar o processo de seleção, o acompanhamento e a prestação de contas de organizações e lideranças apoiadas. Tais aspectos visam, então, apresentar subsídios para o público-alvo encontrar abordagem menos burocrática e mais eficaz para a distribuição de recursos.
Guiné Silva, coordenador de Fomento a Agentes e Causas da Fundação, atua desde 2018 nesse processo e destaca sua importância. “Para o desenvolvimento dessa metodologia, reestruturamos os procedimentos internos e criamos uma estrutura clara e objetiva, que possibilita apoiar agentes e causas alinhados à nossa missão institucional. A ideia é, desse modo, eliminar a complexidade do processo e estabelecer um canal direto com as iniciativas e pessoas apoiadas, tornando o acesso às principais informações que subsidiam as análises sobre o fomento mais ágil e facilitado.”
Toda essa experiência está sendo organizada na publicação Metodologia do Fomento para organizações e lideranças, cuja previsão para lançamento será, enfim, em outubro.
Próximos passos
Além do Projeto Elas Periféricas e da publicação sobre o processo de Fomento a Agentes e Causas, mais materiais referentes a metodologias sobre projetos têm previsão de lançamento nos próximos meses. Trata-se de:
- (Re)age SP;
- Plataforma Alas;
- Advocacy colaborativo;
- Igualdade racial.
Por fim, outras publicações que têm abordagem metodológica, como as que falam sobre comunicação de causas e o Plano de Bairro do Jardim Lapena, estão disponíveis na área de Conhecimento do site da Fundação Tide Setubal.
Saiba mais
+ Plataforma Alas em Debate promove chamado à responsabilidade na luta pela equidade racial
+ Por um plano coletivo em favor do fomento a instituições negras
Por Daniel Cerqueira / Foto: @NappyStock