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Universidades públicas de São Paulo estudam os efeitos da Covid-19 em territórios periféricos

Por Daniel Cerqueira / Foto: Marcos Santo9s / USP Imagens

 

 

Desde 30 de janeiro a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a Sars-Cov-2, nome científico da doença, se tratava de uma epidemia mundial, e a elevou ao status de pandemia global em 11 de março de 2020. Os efeitos sociais causados pelo novo coronavírus são difíceis de prever no momento em que ocorre, mas cada vez mais se comprova que as desigualdades sociais foram ampliadas dentro desse quadro.

 

Diante disso, a sociedade civil organizada passou também a atuar para combater os seus efeitos, sendo que uma parte dela concentrou esforços nos territórios periféricos das grandes cidades – esse foi o caso da Fundação Tide Setubal. Vale lembrar que desde 2017 o combate às desigualdades socioespaciais faz parte da missão da Fundação. E, em virtude da pandemia, o que se fez foi direcionar as suas ações para esse tema, como no caso das parcerias para a produção de conhecimento acadêmico.

 

O estado de São Paulo conta com oito universidades públicas. Na esfera federal, as instituições são a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal do ABC (UFABC), o Instituto Federal São Paulo (IFSP), a Universidade Federal de São Carlos (UfsCar) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Já as estaduais são a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade de Campinas (Unicamp). Três entre essas universidades têm parcerias com a Fundação Tide Setubal para a produção acadêmica voltada à análise dos efeitos sociais relacionados à pandemia de Covid-19 (novo coronavírus).

 

O projeto resultante da parceria com a Unifesp foi apresentado anteriormente na reportagem Projeto fomentado pela Fundação Tide Setubal estuda impactos sociais e territoriais da Covid-19 nas metrópoles de SP e Baixada Santista, veiculada no boletim da própria Fundação em abril. Liderada pela professora Lumena Almeida Castro Furtado, do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM), a pesquisa analisará os impactos sociais da pandemia e como têm sido a proposição e a vivência de medidas de prevenção, contenção, enfrentamento e combate contra a disseminação e expansão do novo coronavírus nas regiões abrangidas pela pesquisa.

 

Já o professor José Paulo Guedes Pinto, da UFABC, coordenará o projeto Desenvolvendo as potencialidades do simulador de dispersão do coronavírus; Proposta de Pesquisa, Inovação e Extensão Tecnológica. A equipe envolvida neste projeto desenvolveu uma ferramenta que simula a transmissão comunitária do vírus da Covid-19 por meio do ambiente de modelagem programável multiagente NetLogo (Wilensky, 1999). Seu objetivo principal é, a partir do simulador desenvolvido por meio da pesquisa, formar uma rede de pesquisa multidisciplinar para os seguintes aspectos:

 

  1. Aprimorar tecnicamente o simulador;
  2. Criar cenários diferentes de simulação;
  3. Fazer análise estatística dos casos;
  4. Construir análise do próprio modelo desenvolvido;
  5. Permitir a utilização pedagógica do modelo (educação, pesquisa e poder público);
  6. Dar suporte para pesquisas já existentes.

 

De abril a julho o projeto, que é financiado pela Fundação Tide Setubal, contará com bolsistas de mestrado, apoio técnico e iniciação científica, além dos professores e professoras envolvidas. Para mais detalhes do simulador acesse este link.

 

O terceiro projeto em curso é Covid e Raça no Brasil, que é liderado por Márcia Lima, professora do departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP. Em 2019, Marcia fundou o Afro – Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Dentro de perspectiva que observa a saúde a partir de perspectiva integral e social, resultante das determinações sociais, o projeto objetiva colaborar na compreensão da pandemia e os seus efeitos sobre a população negra, tendo em vista os cruzamentos de raça, gênero, classe e territórios que incidem sobre os múltiplos grupos estudados.

 

A pesquisa Covid e Raça no Brasil atuará em dois eixos principais:

 

  1. Pesquisa e monitoramento da saúde da população negra no âmbito do Afro de forma a monitorizar e visibilizar indicadores socioeconômicos e epidemiológicos, cruzando as variáveis abordadas com as doenças dos grupos de risco e equipamentos públicos que ajudem a compreender o impacto da pandemia sobre a população negra e periférica;
  2. Como parte integrante da rede de pesquisa solidária (CEBRAP e USP), para monitorar as  lideranças comunitárias de algumas capitais e regiões metropolitanas para mapear problemas e dificuldades que estão surgindo nas regiões mais vulneráveis e pobres e, assim, antecipar problemas e auxiliar na gestão dessas questões. Outro ponto abrange o estudo de variáveis de mercado de trabalho e renda dessas populações, bem como o acesso e os efeitos dos programas sociais emergenciais em âmbito federal.

 

Com o apoio aos projetos de Unifesp, UFABC e USP, a Fundação Tide Setubal espera contribuir para a academia produzir conhecimento para o enfrentamento dessa crise a partir da lógica institucional de que o território importa.

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