Em 2011, o Encontro de Cultura Caipira, promovido pela Fundação Tide Setubal, ocorreu entre 1º e 3 de julho e, mais uma vez, reuniu milhares de pessoas de todas as idades e de várias regiões da cidade. O público acompanhou manifestações culturais brasileiras — como reisado, jongo, maracatu, forró de pé de serra nordestino e Orquestra Piracicabana de Violas —, consagrando o formato que caracteriza a festa no CDC Tide Setubal.
A proposta do evento é revelar expressões culturais que compõem as raízes do povo brasileiro. Segundo Tião Soares, idealizador do encontro e coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal, a programação se propõe a apresentar grupos que possam dialogar com a história dos moradores de São Miguel Paulista — grande maioria oriunda do Nordeste e do interior do país. “Estamos construindo outro sentido de pertença no território, olhando para as novas identidades e expressões, sem perder de vista as antigas identidades”, ressaltou Tião.
Lembranças da infância
Um dos destaques da programação na 5ª edição foi o Reisado Sergipano e Bumba Meu Boi de Guarujá, com seu tributo aos reis, por meio de cantos, danças e vestimentas coloridas, apresentado no sábado. Formado nos anos 1970, o grupo dá continuidade ao trabalho iniciado por mestre Zacarias, que difundiu no litoral paulista a mescla de influências das culturas portuguesa, espanhola e indígena. “Sou do Ceará e acompanhei muitas festas de reis”, contou Vilma Matias Silveira, moradora de São Miguel. “Essa apresentação me fez recordar a infância.”
Outro ponto alto foi a apresentação da Orquestra Piracicabana de Viola Caipira. Já na abertura, com a execução de “Menino da Porteira”, os músicos conquistaram os presentes, que fizeram coro em todas as canções. Uma das mais animadas da plateia era Ingrid Vilardi Mazeto, do bairro de Cerqueira César e nascida em Marília, no interior de São Paulo. “Essas músicas remetem às minhas raízes. O evento é muito bonito. Dos enfeites às atrações, o conceito é caipira mesmo. Todo ano estou aqui”, ressaltou.
Ritmos e sabores
Na sexta-feira, o Grupo Taiko, com membros da colônia japonesa da zona leste, empolgou o público com o som de seus tambores. No domingo, o Grupo Folclórico da Casa de Portugal mostrou seus cânticos e danças. Também animaram a festa: Trio Flor de Muçambê, Grupo Jabuticaqui — Ritmo e Tradição, Grupo Cambaiá — Cia de Moçambique, Banda Grave — Geladeira Revisitada Amarela e Vermelha, Banda Semente Africana/Família da Nova, Maracatu Porto de Luanda e Cordão Folclórico Sucatas Ambulantes e Jongo de Tamandaré.
Além da riqueza de ritmos, o cardápio de quitutes também estava diversificado. Nas barracas montadas na quadra do CDC, foram vendidos caldinhos, pamonha, tapioca, bolo de milho, arroz doce, canjica, vinho quente, quentão. Na cantina, foi possível saborear escondidinho, galinhada, baião-de-dois e iaiá-ioió. A culinária, mais uma vez, procurou valorizar as receitas típicas do país. “Muitas pessoas voltam ao Encontro Caipira para saborear nossos pratos”, disse Júlia Arjol, responsável pela cantina do CDC.
Participação da comunidade
Na avaliação de Paula Galeano, coordenadora geral da Fundação Tide Setubal, o evento já se consolidou na agenda da cidade. “O sucesso desse ano mostrou que o Encontro de Cultura Caipira está enraizado como atração cultural para toda família, com expressões tradicionais vivas. Vale destacar o envolvimento da comunidade não só para prestigiar, como também na organização das barracas”, acrescentou.
De fato, observa-se que quem participa de uma edição volta no ano seguinte. “É o quarto ano seguido que venho aqui. Sempre trago minhas filhas para aproveitar também. Para mim, o principal destaque são os caldinhos”, disse Ana Paula Miranda, moradora de São Miguel. Para Maria José Bezerra, do Itaim Paulista, a programação musical se destaca. “No ano passado, acompanhei as apresentações. Foram excelentes. Daí, resolvi repetir a dose”.