Fundação Tide Setubal
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Apresentações musicais e peça de teatro fecham o 2013 do ArteCulturAção

@Comunicacao

10 de janeiro de 2014
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O sarau “Um passe para a arte, e para a arte ArteCultura: sol e chuva na cidade sertão”, no Galpão de Cultura e Cidadania, no Jd. Lapenna, em 7 de dezembro, e apresentações da peça O mordomo, no CDC Tide Setubal, nos dias 6, 7 e 13 de dezembro, fecharam as atividades de 2013 do Núcleo ArteCulturAção, da Fundação Tide Setubal. Cerca de 160 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, foram beneficiadas no ano, em oficinas de violão, percussão, luteria, coral e teatro.

 

“A autonomia e o protagonismo dos jovens, para implantar projetos aprovados em lei, para encenar peças em praças e para circular em espaços da cidade por iniciativa própria, além do aumento da articulação com coletivos da região — como os de hip hop — e das intervenções nos locais que a Fundação administra são os principais pontos positivos de 2013”, avalia Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador do ArteCulturAção.

 

Leitura de poemas e contos e apresentações de alunos de violão e percussão marcaram a manhã ensolarada do sábado, no Galpão de Cultura e Cidadania, que também contou com uma exposição de instrumentos produzidos pelos participantes da luteria. O sarau teve início com a leitura do micro conto “O menino azul”, de Mario Quintana, a apresentação do resumo do livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, e a declamação de poemas pelo poeta e escultor Euflávio Goes Lima, de São Miguel. “Escolhemos o sarau porque ele nos permite ver vários tipos de arte. É uma grande troca de expressividades e de diversas formas de se comunicar: com a fala, o corpo, ou a música”, explica o coordenador.

 

A seguir, os presentes assistiram à orquestra de violão: os alunos executaram Asa branca, Luar do sertão e Mulher rendeira. Entre uma música e outra, adolescentes leram poemas de Cecília Meireles e de Luís de Camões. Um espaço foi reservado também à participação do projeto Vaga Lume, executado em parceria com a ONG homônima. No primeiro semestre, 15 adolescentes trabalharam a identidade e, no segundo, o meio ambiente. Eles se corresponderam, por carta, com estudantes da Amazônia, da mesma faixa etária, e um acampamento coletivo, no interior de São Paulo, marcou o encontro entre participantes do Norte e Sudeste.

 

O grupo de percussão tocou ciranda, baião, coco e samba reggae. Bastante emocionado, o professor de luteria Hudson de Cavalcanti optou por obras de Bach e próprias em seu violino e homenageou o integrante Eliseu, que é cadeirante, ressaltando que ele é um exemplo de superação. A seguir, Inácio leu o poema “Caso pluvioso”, de Carlos Drummond de Andrade, em que uma mulher, Maria, desperta o amor em um homem.

 

Na sequência, o luthier David Souza Rocha tocou dois instrumentos que ele construiu: a arpa e a sinfonia medieval ‒ uma caixa retangular, com manivelas e teclas, da qual se extrai som. O convidado Adriano Mauriz, do Grupo de Teatro Pombas Urbanas, de Cidade Tiradentes, entregou um livro para David e recebeu uma rabeca feita por ele. A troca comemorou simbolicamente as parcerias: em 2013, o grupo da zona leste participou, por exemplo, do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel.

 

 

Teatro em evidência

 

Os alunos do grupo de teatro encenaram por quatro vezes a peça O mordomo, no mês de dezembro, no CDC Tide Setubal, encerrando mais um semestre de atividades da trupe. O espetáculo foi criado por eles, após pesquisa de histórias de terror e suspense e a partir da literatura de Edgar Allan Poe e Stephen King e de obras do cinema de Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick e Zé do Caixão. A busca por esse apelo mais dramático partiu do próprio grupo, de acordo com o educador Marcos Gomes, responsável pelo módulo de teatro do ArteCulturAção.

 

No primeiro semestre, o trabalho havia caminhado mais na linha social, com o espetáculo Luzes desiguais, criado a partir de depoimentos dos integrantes e que coincidiu com a aprovação da PEC das domésticas. “Ali, tínhamos dois amigos de infância, um filho da patroa e o outro, da empregada da casa. Ambos cresciam e se reencontravam como um policial (filho da empregada) e um advogado, envolvidos numa trama de corrupção com dois finais possíveis. O público é que decidia se o policial aceitava ou não o dinheiro do advogado para não prender um corrupto”, conta Marcos. A peça também foi apresentada na praça do Forró, no Dia dos Pais.

 

Em O mordomo, a plateia seguiu o personagem principal por uma mansão, no dia de seu próprio velório. Assim, no espaço do CDC, aconteceram cenas de terror vividas por ex-moradores da casa, que continuavam assombrando o local. Lucas Lima assumiu o papel do mordomo em três das apresentações. Desde 2011, ele está ligado ao núcleo de teatro do ArteCulturAção e conta que a irmã participava de um grupo, mas não sentia atração por essa arte até ir conhecer o núcleo.

 

“Quando vim ao CDC pela primeira vez, fiquei impressionado com as discussões sobre questões sociais, drogas, sexualidade, política. Entrei, fui estudando, assistindo a peças e me apaixonei.” Lucas foi um dos educandos que conseguiram aprovar, em abril de 2013, um projeto teatral no Programa VAI, da Secretaria de Cultura do município de São Paulo. “Agora que terminei o ensino médio, pretendo entrar para uma escola de artes cênicas. Estou fazendo testes para isso.”

 

No próximo semestre, a tendência é o grupo se apresentar num palco, sem itinerância pelo espaço cênico, como nas últimas montagens. Os participantes devem desenvolver texto, cenário, luz e figurino. Para Inácio Neto, essa autonomia é fundamental. “Experimentar novos temas, descobrir conteúdos de forma coletiva e colaborar com o próprio processo de aprendizado são características do trabalho desse núcleo e que acabam refletindo na atitude dos jovens. Neste ano que passou, eles próprios organizaram passeios culturais com o Marcos, usando o transporte público, em busca de ampliar seus repertórios”, relata Inácio.

 

 

Recorde de empréstimos

 

Ao longo do ano e até 11 de dezembro, o Ponto de Leitura do Jardim Lapenna, criado em 2009, e o do CDC Tide Setubal, aberto em 2012,parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, também registraram resultados positivos. O primeiro somou um total de 5.170 empréstimos de exemplares, além de 10.852 visitas, enquanto o segundo contabilizou 1.563 empréstimos e 3.805 visitas. Os índices foram maiores do que os do ano anterior.

 

Em 2014, a principal meta do ArteCulturAção é mobilizar novos parceiros e recursos no território, para que as iniciativas já realizadas possam ser consolidadas e para que o impacto delas seja mais efetivo. “Devemos intensificar as articulações junto aos grupos e aos coletivos culturais, visando ampliar a oferta de atividades socioculturais, a partir de mais parcerias. Uma das ações será a criação de um projeto cultural que poderá oferecer apoio por meio de um edital”, afirma Inácio.

 

 

Depoimentos de quem participou

 

“Entrar para o grupo de teatro mudou meus pensamentos e me fez crescer. Comecei a gostar mais de leitura e também de ler sobre autores. Aqui há um sentimento de família, um laço familiar que nos une.” – Tayna Iasmin, 17 anos, integrante do grupo de teatro do ArteCulturAção e aluna do 3º ano do ensino médio da E.E. Carlos Gomes

 

“Eu tinha participado do teatro da escola, mas aqui é diferente, porque a gente trabalha mesmo em grupo, tem de escrever o roteiro e fazer uma preparação de ator. Mesmo tendo entrado no segundo semestre de 2013, não tive dificuldades para me adaptar, porque o pessoal foi muito acolhedor.” – Rafaela Braga, 15 anos, integrante do grupo de teatro do ArteCulturAção e aluna do 1º ano do ensino médio da E.E. Carlos Gomes

 

“Cursei a restauração de violão com o professor Hudson. Antes, eu já havia estudado violão aqui também. Soube do Galpão e dos cursos por um amigo e iniciei há alguns anos. Uma sugestão, para aperfeiçoar, seria a ampliação do espaço físico da luteria, que está ficando bem lotado.” – Jesulino Avelino de Andrade, 66 anos, aposentado, morador do Itaim Paulista

 

“Participo de várias atividades aqui: coral, dança, capoeira e projeto Vaga Lume também. É muito legal. Antes eu só ficava em casa e hoje aproveito tudo.” – Vitória Loyola da Silva, 12 anos, moradora do Jd. Lapenna, aluna do 6º. ano da E.E. Prof. Pedro Moreira Matos, que se apresentou no frevo


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