A atuação da Fundação Tide Setubal para aproximar poder público, lideranças locais e comunidade, em São Miguel Paulista e região, contabilizou avanços marcantes em 2010. Diferentes fóruns de reivindicação popular ajudaram a encaminhar a criação de uma nova escola técnica, a implantação de um programa de saúde, a destinação de área para construção da Universidade Federal de São Paulo e o projeto de revitalização do mercado municipal.
Para Tião Soares, coordenador de cultura e e relações institucionais da Fundação, as realizações confirmam toda uma linha de trabalho. “Dá para juntar Estado e sociedade civil num diálogo rico sobre políticas públicas. O grande diferencial da Fundação Tide Setubal é fazer elos entre primeiro, segundo e terceiro setores em busca de mudanças significativas”, salienta.
Fórum e participação
O Fórum Permanente dos Movimentos do Jd. Lapenna, União de Vila Nova e Sítio Mirim ilustra bem esse esforço. Trata-se de um espaço onde os moradores debatem as demandas da localidade e planejam a abertura de canais de negociação. As reuniões acontecem uma vez por mês, com a presença de lideranças locais, equipe da Fundação Tide Setubal, a comunidade, além de representantes do governo, convidados para a conversa.
Em 2010, esse grupo conquistou uma nova ETEC (Escola Técnica) em São Miguel. E enquanto ela não fica pronta, cursos técnicos já começaram a ser oferecidos, ocupando salas de aula disponíveis em escolas da região. Outro resultado foi a garantia de atendimento pelo Programa Saúde da Família (PSF) aos moradores do Jd. Lapenna. A Secretaria Municipal de Saúde fez um piloto e agora estuda abrigar a equipe do PSF em espaço da Sociedade Amigos do Jardim Lapenna, que deverá passar por reformas.
Os avanços ajudaram a motivar a formação de outro núcleo, com moradores e lideranças de Jardim São Vicente, Rosário, Nitro Operária e Cidade Nova, incentivados pela Fundação Tide Setubal. “A proposta é sempre estimular o cidadão a atuar pela transformação de seu bairro, não sendo mero espectador ou apenas um cobrador”, comenta Tião.
Universidade Federal na ZL
Como integrante do Movimento Nossa Zona Leste, a Fundação participou da luta pela implantação do campus da Universidade Federal de São Paulo na região. Em julho de 2010, o prefeito Gilberto Kassab desapropriou o terreno da antiga fábrica Gazarra, em Itaquera, para construção da unidade.
Na mesma época, a instituição e outros atores locais apresentaram publicamente o projeto de revitalização do Mercado Municipal de São Miguel, assinado por Ruy Ohtake. A Fundação envolveu-se também no diálogo com órgãos da cultura (ministério e secretárias municipal e estadual) para efetivação do projeto Museu do Migrante, que vai resgatar a memória da Zona Leste, das lutas populares e dos movimentos por moradia.
Todo esse trabalho continua em 2011. Numa outra frente continua a articulação entre coletivos juvenis da região e a Secretaria Municipal da Cultura para debate e viabilização de políticas culturais. Está prevista para esse ano a realização da Conferência Livre de Cultura, incluindo sete subprefeituras.
Tião Soares pretende envolver mais lideranças nos fóruns do Lapenna e Jardim São Vicente, bem como estimular maior participação da população. “Queremos engajar novas pessoas. Para isso, vale conversa em pé na calçada e visitas nas residências. Vamos convidar empresários e outras entidades para que o movimento ganhe capilaridade”, conclui.