“Vi a mistura de pretos e brancos aqui, num mesmo ambiente, e achei muito legal. Na França, o preto, mesmo que tenha nascido em território francês, é sempre estrangeiro. Aqui, ele é brasileiro também. É uma questão de história. Às vezes, passo ao lado do carro de um branco francês e ele, simplesmente, trava a porta. Não há interação. E esse é o nosso combate de todos os dias, por meio do rap e da prática da cidadania.”
Deehar Degaz, 24 anos, rapper do Shaolyn Gen Zu, que também trabalha como segurança
“Chegamos há pouco tempo, mas à primeira vista, parece que o ponto em comum entre os bairros mais pobres e periféricos de Paris e São Paulo é uma ruptura entre a população, as instituições políticas e a polícia. A polícia, por exemplo, que deveria proteger os cidadãos, causa medo nas pessoas mais pobres. Elas não se aproximam do policial, dentro do seu papel de protetor, e recorrem a outros cidadãos. Precisamos mudar essa imagem, aumentar o entrosamento e fazer com que as instituições conversem com a população”.
Mehdi Bigaderne, 27 anos, ativista da Aclefeu e subprefeito da área social em Clichy-sous-Bois
“Meu pai é marroquino, minha mãe é argelina e tenho um avô da grã-bretanha. Nasci e cresci na França, em meio a duas culturas: a vida dentro da minha casa e a vida social, na escola e com meus amigos. Isso é uma grande riqueza, mas não sou tratado como francês. Como vou participar de uma família (a pátria francesa) se ela não me quer?”.
Mike Jack, 25 anos, rapper do Shaolyn Gen Zu, que também trabalha como carteiro