Dia 19 de maio. Auditório Simon Bolívar do Memorial da América Latina. Cerca de 350 crianças de 26 corais, de diversos estados do sudeste e sul do país, aguardam ansiosas e um pouco nervosas a sua vez de se apresentarem na 11ª edição do Gran Finale, versão brasileira do festival que também acontece há 22 anos no Teatro Carnegie Hall, em Nova York. Ele reúne corais infantis e juvenis para apresentações coletivas para grande público, com a regência de maestros renomados. A edição deste ano teve como regente o Maestro Dr. Tim Brimmer, professor de música na Buttler University, em Indianápolis, nos Estados Unidos.
Todos os corais participantes do evento são selecionados pela organização. Um deles foi o coral juvenil do Núcleo de Música do Arteculturação, da Fundação Tide Setubal, que reúne 10 crianças de 10 a 12, sob a regência de Mirian Utsunomiya, da Universidade Cruzeiro do Sul. Foi ela quem fez o contato com os organizadores do Gran Finale para a participação das crianças no evento.
Quando ficou sabendo que iria participar de uma apresentação desse porte, Ana Beatriz Santana, 11 anos, integrante do coral da Fundação Tide Setubal ficou bastante nervosa. “Senti um friozinho na barriga, mas graças a deus tudo deu certo”. E só deu certo porque as crianças, além de muito competentes, ensaiaram bastante por cerca de dois meses. “Tivemos uma infinidade de ensaios” brinca Mirian.
Um dos desafios foram as pronúncias das músicas em outras línguas, como inglês, espanhol e até libanês. “Esta foi uma dificuldade técnica superada pelas crianças com muita dedicação. Elas treinaram em casa e decoraram a letra. Atividades como essas incentivam a concentração e a memorização”, diz Mirian. Além das músicas em outras línguas, eles cantaram um medley de Luís Gonzaga e a famosa música dos anos 60 “Let’s Twist Again”.
A experiência de cantar em outras línguas foi bastante importante, especialmente, para Iara Gomes, 11 anos, filha de Malu Gomes, educadora do Galpão de Cultura e Cidadania. “Com essa experiência, ela viu como é importante fazer curso de inglês. Isso a fez mudar de ideia, pois ela estava querendo parar. Ela ficou super feliz de entender o maestro e conseguir conversar com ele”, conta Malu. Ana Beatriz também gostou do resultado. “Cantar em outras línguas foi um desafio novo, mas com um pouquinho de estudo e esforço a gente conseguiu vencer”, diz ela.
Uma boa parte das músicas cantadas em outras línguas era folclórica, o que garantiu que as crianças conhecessem um pouco das culturas de outros países. Para as apresentações, as crianças treinaram também coreografias. Nos dois dias que antecederam as apresentações, os 26 corais se reuniram no auditório Simon Bolívar para os ensaios gerais.
“Vocês são as vozes do Jardim Lapenna, representam nosso bairro”, reforçou Malu para as crianças antes da apresentação, que contava com cerca de 2000 pessoas aguardando. “Eu mesma nunca cantei no Memorial da América Latina”, conta Mirian, ressaltando a grandeza dessa oportunidade para crianças tão novas. Apesar do nervosismo diante do grande público, as crianças se saíram muito bem. “O concerto tem toda uma áurea. Muitas crianças nunca tinham cantado num grande teatro com plateia para 2000 pessoas. Elas ficaram nervosas mas curtiram e se saíram muito bem”, conclui Mirian.
Para Malu, o momento foi emocionante. “Para mim, como mãe, foi muito gratificante. Chorei nos ensaios e na apresentação”, conta. Ela ficou muito contente com a oportunidade que as crianças tiveram de sair de sua comunidade no extremo leste da cidade e participar de uma atividade cultural como essa. “Vi como é importante a participação das crianças aqui no coral. Fiquei super orgulhosa e vi a importância desse trabalho que é feito pela Fundação Tide Setubal”.