Fundação Tide Setubal
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Jovens de São Miguel conhecem projetos de desenvolvimento na Baixada Maranhense

@Comunicacao

14 de agosto de 2009
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Muita garra e determinação. Essa foi a percepção trazida pelos jovens dos projetos da Fundação Tide Setubal que, entre os dias 5 e 10 de julho de 2009, estiveram no Maranhão para conhecer projetos de desenvolvimento local do Instituto Formação e do Instituto Comunitário Baixada Maranhense (http://www.institutobaixada.org/).

O objetivo da viagem foi promover o intercâmbio cultural dos jovens de São Miguel com os jovens maranhenses e ampliar a rede social para que possam compartilhar conhecimentos. O roteiro incluiu São Luís e cidades da região conhecida como Baixada Maranhense, entre elas Arari, Matinha, Olinda Nova, Palmeirândia, Peri Mirim, São Bento e São João Batista, um itinerário construído como proposta para o turismo comunitário. È nessa área geográfica que são desenvolvidas as atividades do Instituto Baixada Maranhense, considerado um primeiro passo para a criação futura de uma fundação comunitária na região.

 

Danielle Silva e Raymara de Souza, ambas de 17 anos, integrantes do Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar, estiveram no Maranhão ao lado de Fabiano Barbosa de Magalhães e Luciano Kleber de Santana Figueiredo, ambos de 18 anos, participantes do ArteCulturAção. O grupo conheceu um pouco da cultura do estado, refletiu sobre os problemas locais e trocou experiências com outros jovens. Os quatro moram no Jardim Lapenna, em São Miguel Paulista.

 

Leia a seguir as impressões dos jovens sobre o intercâmbio e as novidades que trouxeram na bagagem para aplicar em São Paulo:

 

 

Danielle Silva, 17 anos, Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar

 

“Visitamos municípios muito pobres, com pouca infra-estrutura, mas sentíamos na fala de alguns jovens a vontade de melhorar a comunidade, a cidade, o estado. Eles aproveitam ao máximo as atividades e são muito ligados aos projetos.

 

Como as cidades são distantes, a dificuldade de locomoção é grande, pois nem sempre as ONGs pagam o transporte. Daí, os jovens vão até a prefeitura, pedem um carro emprestado e fazem uma ‘vaquinha’ para colocar gasolina. Assim, conseguem apresentar as peças de teatro nas cidades vizinhas. Esse espírito de equipe me impressionou bastante.

 

Aprendi a dar mais valor ao que a Fundação me oferece: a gente tem um espaço super bacana e ótimos materiais de trabalho. Se aqui temos cinco câmeras digitas, lá eles têm uma. E, mesmo com poucos recursos, fazem muita coisa. No meu diário de bordo, escrevi assim: ‘vamos rever nossos princípios e olhar para o lado, percebendo as dificuldades das outras tribos e dando mais valor ao nosso dinheiro’.

 

Hoje, tento passar para meus colegas a importância de fazer os projetos com a comunidade, não para a comunidade. E a gente deve dividir os nossos conhecimentos, porque conhecimento parado não gera nada.”

 

 

Fabiano Barbosa de Magalhães (Fabinho), 18 anos, ArteCulturAção

 

“Achei muito diferente a forma como as cidades se desenvolveram no Maranhão: os bairros têm poucas casas, bem espalhadas, como se fosse área rural. As favelas também são diferentes: um monte de casinhas de madeira nos manguezais, em cima de estacas, acima do nível do rio. Eu nunca tinha visto.

 

Os projetos são bem parecidos com os nossos em São Paulo. Lá, os jovens também querem mais desenvolvimento para a sua região e fazem várias atividades, como rádios comunitárias e grupos de teatro. Participamos de um desses grupos, atuando com figurino e tudo. Vimos também os telecentros comunitários, onde os jovens aprendem a usar o computador e depois se tornam monitores, ensinando os mais jovens.

 

Conhecer os projetos de outros jovens foi fundamental. Lá, eles têm poucos recursos, mas o objetivo dos projetos é o mesmo: desenvolver a sociedade em que vivemos. Quero trazer esse conhecimento para cá, para melhorar o lugar onde vivo também.”

 

 

Luciano Kleber de Santana Figueiredo, 18 anos, ArteCulturAção

 

“A impressão mais forte que ficou é que os jovens de lá são mais mobilizados que a gente em São Paulo. Aqui, a gente acha que precisa trabalhar a cultura popular para fazer um resgate, e eles já fazem isso muito bem. Quando os jovens de lá pegam a rédea, pegam com mais firmeza.

 

O subemprego também me chamou a atenção: as catadoras de coco babaçu trabalham 10 horas por dia para ganhar 10 reais. Além disso, o transporte é difícil: muitos jovens viajam em boléia de caminhão para ir à escola, e garantir o transporte é um dever do Estado. Foi vergonhoso ver essa cena.

 

Quando a gente chegava às cidades, os jovens já tinham preparado alguma coisa para fazermos – uma aula de teatro, um jogo, uma ciranda, uma caminhada –, e assim foram apresentando a cultura deles. Foi importante ver esse trabalho para saber a responsabilidade que eles têm nas costas.

 

Depois desse aprendizado, quero buscar uma compreensão maior das políticas públicas, saber como encaminhar projetos e estar bem informado para fazer as coisas acontecerem. Hoje, a periferia de São Paulo produz muita cultura, mas isoladamente. É preciso articular e direcionar essa produção para a gente ficar mais forte. A cultura da periferia será um marco.”

 

 

Raymara de Souza, 17 anos, Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar

 

“Assim que chegamos, fiquei impressionada com a recepção dos maranhenses, que são muito calorosos. Mas no centro de São Luis, por exemplo, acho que os turistas são tratados de outro jeito. Fui confundida com turista, e queriam me vender uma camiseta por um preço muito maior.

 

Percebi que lá os jovens não têm tanta ajuda, mas batalham muito. As estradas são de terra, e o transporte é precário. Conhecemos uma jovem que demora cerca de três horas para se locomover até a cidade onde fica o projeto. Aprendi a reconhecer os benefícios que temos aqui.

 

Essa experiência foi inesquecível: conheci outro estado, muita gente nova e vi paisagens lindas. A cultura do Maranhão me encantou muito. Também foi importante o fato de eu estar lá apresentando meu trabalho. Senti muito orgulho do grupo São Miguel no Ar, pois recebemos vários elogios.

 

Temos de ter novos olhares para as coisas que estão ao nosso redor, porque as experiências que vivenciamos ficarão com a gente para sempre. Quando cheguei aqui em São Paulo, procurei compartilhei logo com os meus colegas tudo o que vi e aprendi.”


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