Fundação Tide Setubal
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Jovens integrantes do projeto Gangway, de Berlim, participam de intercâmbio cultural no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel

Prática de desenvolvimento

9 de dezembro de 2014
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Esta edição do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel contou com a presença de dez jovens integrantes do projeto Street College – Gangway, de Berlim. Os jovens vieram para um intercâmbio cultural e apresentaram seus trabalhos no Festival do Livro.

 

Wagner Luciano da Silva, assistente de coordenação do Ação Família, explica que a relação entre a Fundação Tide Setubal, a Gangway e os demais coletivos responsáveis pela vinda dos jovens do Street College começou em 2003: “Participei do primeiro intercâmbio entre São Paulo e Berlim em 2002, a partir daí, começamos a negociar a vinda do pessoal da Gangway para o Brasil; a ideia era apresentar alguns coletivos culturais da zona leste da capital que oferecem atividades similares às que são feitas pelos jovens em Berlim”.

 

O coletivo Nau Ciranda Sinparedes também atuou na coordenação do intercâmbio cultural. Wagner conta que, durante essa troca de experiência, nasceram algumas produções artísticas, além da apresentação no Festival do Livro e da Literatura. “Os jovens da Gangway participaram da gravação de duas músicas e dois videoclipes com o grupo Causa Polêmica e com o cantor Sandrão do grupo de Rap RZO.”

 

O projeto Street College da Gangway consiste em levar educação para além dos muros da escola, o diferencial é que os jovens são livres para escolher o que eles querem aprender relacionado à cultura. O programa surgiu em Berlim no ano de 1990. Logo após a derrubada do Muro, uma onda de violência tomou conta da cidade, jovens formavam gangues e protagonizavam brigas e agressões contra outras gangues em uma luta por território, isso afastou muitos deles da escola e os grupos passavam a maior parte do dia nas ruas.

 

Várias ONGs surgiram, já que o governo não conseguiu, sozinho, controlar o problema. Pensando em reverter essa situação, um grupo de nove voluntários fundou o projeto Gangway, no qual os jovens eram estimulados a desenvolver suas habilidades artísticas seguindo uma didática totalmente diferente da usada nas escolas.

 

Mirta Montevideo, uma das fundadoras do projeto, conta que, no início, foi um enorme desafio: “Diante de tanta violência, se aproximar e tentar resgatar aqueles jovens parecia um trabalho impossível. A aceitação não foi imediata e eles apresentaram uma dificuldade para entender que a rua pode ser uma escola e que a cultura e a arte têm muito a nos ensinar”.

 

A MC Vanessa, integrante da Gangway, se apresentou em sua primeira visita ao Brasil: “Foi muito bom conhecer grupos culturais do Brasil, fizemos uma apresentação na praça e o público nos recebeu muito bem”.

 

Atualmente, mais de 70 educadores trabalham na Gangway separados em 23 equipes pela cidade. O projeto assiste uma média de 200 jovens por ano. “Muitos de nossos jovens não se sentem à vontade com o método tradicional de educação. Eles são criativos e esforçados, mas o sistema educacional adotado no mundo inteiro não corresponde aos interesses dos jovens. Eles precisam de estímulo, valorizamos as diferenças e necessidades de cada um dos jovens assistidos”, enfatiza Mirta Montevideo.

 

A partir da vinda dos jovens de Berlim, a proposta agora é levar alguns jovens dos coletivos daqui para a Alemanha. “Nós da Fundação e dos demais coletivos da zona leste, juntamente com os coordenadores da Gangway, iremos estudar a proposta de um segundo intercâmbio cultural, essa primeira experiência foi muito produtiva e gratificante. Além do enriquecimento e troca de conhecimento cultural, a ideia é ampliar os horizontes desses jovens sobre a importância do trabalho que eles realizam”, destaca Wagner.

 

Durante a passagem do grupo no Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, os jovens de Berlim apresentaram seus trabalhos aos moradores da zona leste. Eles participaram do sarau Livrando o Verbo, na Praça do Forró, junto com os grupos como o Movimento Aliança da Praça (M.A.P.), Slam da Guilhermina e Sarau Lundu. O sarau possibilitou a união da variedade cultural e artística das periferias levando para a Praça do Forró música, poesia, skate, dança e grafite.


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