No dia 22 de março a Fundação Tide Setubal teve duas ótimas surpresas. Foi este o dia em que saiu o resultado da seleção de projetos do Programa VAI, da Secretaria de Cultura do município de São Paulo. Entre os jovens que participam das atividades da Fundação dois grupos tiveram seus projetos aprovados no programa. Um foi o grupo MobJovem (clique aqui e leia mais), que criou um projeto de resgate da história e da cultura de São Miguel Paulista.
A outra surpresa foi a aprovação do projeto Circulando, do grupo de teatro Diotespíssio, formado pelos jovens Bianca Silva, João Carlos da Silva, Lucas Lima, Natasha Matos, Paulo Cesar Nogueira Junior e Tayla Fernandes, com idades entre 17 e 22 anos, além dos educadores Marcos Gomes, responsável pelo Módulo de Teatro para Iniciantes do núcleo Sociocultural do projeto Arteculturação, e Claudemir Santos, responsável pelo módulo de teatro do projeto Jovens Urbanos.
Foi no CDC Tide Setubal, onde acontecem as aulas, que estes seis jovens se conheceram e formaram o grupo Diostespíssio. Eles começaram no Módulo de Teatro para Iniciantes há pelo menos dois anos. Neste tempo, apresentaram cerca de seis espetáculos, como a peça Tripalium, que tratava de uma reflexão sobre o mundo do trabalho feita por jovens que estão prestes a escolher uma profissão. Natasha Matos, 17 anos, conta que entrou no grupo para acompanhar as amigas e que no começo não gostava muito. “Com o tempo fui gostando e hoje em dia é tudo” conta ela. Interessados em expandir seu conhecimento em teatro, os jovens buscaram o projeto Jovens Urbanos, onde surgiu a idéia de NOzLand.
A proposta do projeto Circulando é transportar a peça NOzLand, totalmente criada pelos jovens do grupo, de seu formato em palco italiano, ou seja, o formato tradicional de teatro, para teatro de rua. O nome da peça vem da mistura de Terra do Nunca (a letra N) da história de Peter Pan e Oz, de o Mágico de Oz. Baseada em contos de fadas e histórias fantásticas, ela conta a história de um jovem que, tendo problemas em casa, foge para uma terra desconhecida, onde conhece novos amigos e, juntos, aprendem a solucionar seus problemas. Trata de temas comuns a juventude como dificuldades familiares e o amadurecimento. “A gente queria resgatar o tipo de história que é um conto de fadas, com uma lição por trás. Esse tipo de história se perdeu hoje em dia” diz Natasha. NOzLand já foi apresentada em seu formato tradicional no Galpão de Cultura e Cidadania do Jd. Lapenna, na Oficina Cultural Luiz Gonzaga, na Casa de Cultura de São Miguel e na Casa Amarela.
Por sugestão de Marcos, educador do grupo, os jovens buscaram o VAI como forma de dar continuidade às apresentações de NOzLand. Agora, com a aprovação do projeto, os jovens do grupo Diostespíssio começarão uma série de ensaios para adaptar o espetáculo para o formato de teatro de rua. Ele será apresentado entre agosto e setembro em seis pontos públicos diferentes na região de São Miguel Paulista. São eles: Praça Pe. Aleixo (Praça do Forró), Praça Morumbizinho, Pátio do Céu Vila Curuça, saída da estação São Miguel Paulista da CPTM, Casa de Cultura de Itaim Paulista, e o pátio interno do CDC Tide Setubal. Natasha justifica a escolha do teatro de rua “Na rua a gente chama mais atenção, a gente convida as pessoas a participar. Num lugar fechado as pessoas têm que ficar sabendo, na rua não, qualquer pessoa pode parar e ver. Isso sem falar que não paga nem nada do tipo”.
Além das apresentações, o projeto Circulando prevê a criação de um blog onde será registrado o processo criativo pelo qual os jovens do grupo Diostespíssio passarão na transposição da peça para teatro de rua, além da divulgação da agenda de apresentações.
Questionada sobre as sensações diante dessa conquista, Natasha responde em nome do grupo “Ficamos muito felizes porque a gente não tinha como mostrar nossa peça de novo. O VAI deu um incentivo pra gente continuar.”