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Entenda por que valorizar conhecimentos de pessoas negras e indígenas enriquece a ciência e a sociedade

Os conhecimentos de pessoas negras e indígenas mostram que a ciência tem, sim, muito a ganhar ao valorizá-los. Apesar de a maioria da população brasileira ser negra e de o grupo indígena ter apresentado aumento quase de 90% segundo o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegando a quase 1,7 milhão de pessoas autodeclaradas nesse grupo, a sub-representação na comunidade científica é gritante.

 

Para se ter uma ideia, segundo levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), pessoas pretas, pardas e indígenas compõem apenas 7,4% do corpo docente de pós-graduação de ciências duras no Brasil. Esse quadro indica, então, que é necessário colocar mudanças em prática para mudar esse quadro e, consequentemente, valorizar a produção científica brasileira.;

 

Nesse sentido, um exemplo emblemático é a publicação de artigo na revista Science, de notório prestígio na comunidade científica, que tem coautoria de 14 pessoas pesquisadoras, entre as quais seis são indígenas. O estudo, Indigenizando as Ciências da Conservação para uma Amazônia Sustentável, aborda justamente a importância do intercâmbio da produção científica com os saberes indígenas. A descrição do artigo, em tradução livre do inglês, é autoexplicativa e explicita por que os conhecimentos de pessoas negras e indígenas enriquecem a ciência:

 

“Comunidades científicas deveriam fazer tentativas sérias para estabelecer procedimentos em favor da transdisciplinaridade e colaboração intercultural, ao engajar pessoas indígenas e suas teorias e práticas para, efetivamente, ampliar e melhorar pesquisas, políticas e ações voltadas à conservação.”

 

Da teoria à prática

Valorizar conhecimentos de pessoas negras e indígenas na comunidade acadêmica deve ir além da retórica – e, consequentemente, requer ação. Nesse sentido, o Programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa 2024, realizado pela Plataforma Ancestralidades, projeto da Fundação Tide Setubal e do Itaú Cultural, selecionou 12 pesquisas sobre meio ambiente e raça realizadas por pessoas negras e indígenas.

 

Já o Edital Traços, da Plataforma Alas, iniciativa idealizada pela Fundação Tide Setubal que visa preparar pessoas negras para ocupar postos de liderança, selecionou 15 docentes em Ciências Exatas e Ciências Sociais Aplicadas que almejam ingressar na docência no ensino superior.

 

Em entrevista à Plataforma Ancestralidades, Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia e Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e coordenador do Gemaa, destacou a importância dos conhecimentos de pessoas negras e indígenas para a produção científica.

 

“As ações afirmativas na pós-graduação, como na graduação, buscam reduzir as desigualdades de oportunidades, mas elas têm outro efeito, que é justamente a diversificação da produção científica. Isso tem efeitos positivos para a própria lógica científica. Há a pluralização de agendas e um pensamento diferente, o que costuma ser muito caro ao fazer científico. A diversidade ajuda a ciência a operar melhor”, afirmou à época.

 

Por fim, o comunicador indígena Tukumã Pataxó destacou, em entrevista à Fundação Tide Setubal, que os conhecimentos de pessoas negras e indígenas são benéficos para toda a população.

 

“Quando falamos de preservação do meio ambiente, não é apenas da Amazônia ou do Brasil, mas sim de todo o mundo – por exemplo, se o garimpo e a extração de madeira ilegal forem legalizados, se a Amazônia for aberta para o agronegócio, eles desmatarão muito. Quando se desmata, não são apenas os povos indígenas que perdem: o nosso planeta também perde”, finaliza.

 

 

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr.

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