Fundação Tide Setubal e DRE São Miguel promovem articulação intersetorial para fortalecimento de Rede de Proteção Social
“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos”. O poema de João Cabral de Melo Neto pode descrever o trabalho da Diretoria Regional de Ensino de São Miguel (DRE) e da Fundação Tide Setubal na proposta do curso de Rede de Proteção Social. Desde março, a DRE, em parceria com […]
“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos”. O poema de João Cabral de Melo Neto pode descrever o trabalho da Diretoria Regional de Ensino de São Miguel (DRE) e da Fundação Tide Setubal na proposta do curso de Rede de Proteção Social. Desde março, a DRE, em parceria com Fundação Tide Setubal, por meio do núcleo Ação Família, realizam encontros com representantes das áreas de educação, assistência social, da saúde e da justiça para promover o diálogo entre os diversos órgãos públicos e incentivar a articulação entre eles, com o objetivo de contribuir com a o fortalecimento da Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes, nas regiões de São Miguel e Itaim Paulista.
“Entender o que cada um faz é compreender a importância de cada órgão dentro do processo de proteção. O primeiro passo é dar voz e vez aos diversos serviços públicos”, explica Manoel Romão, diretor Regional. “Nosso objetivo é aproximar todos os parceiros para que a articulação exista de fato”, completa Lúcia Amadeo, coordenadora do programa Ação Família.
Ao total, foram realizados seis encontros com a participação de cerca de 80 pessoas. O último ocorreu no dia 21 de maio no Clube da Comunidade (CDC) Tide Setubal, em São Miguel. Na avaliação de Romão, a formação da Rede contribuirá para resolução de vários problemas que afligem as escolas públicas. Dentre eles, as diversas formas de violência. “A Rede de proteção é uma grande iniciativa e representa o primeiro passo para a formação de um pacto social, formado por lideranças locais, gestores e representantes da população”, comenta.
Quem concorda com a afirmação é Adriana Morales, subprefeita do Itaim Paulista/Vl Curuça. Para ela, o diálogo entre os diversos atores é fundamental para a concretização da Rede de Proteção. “O pacto social que está sendo firmado, aqui, é imprescindível para que as boas práticas reverberem e todos alcancem seus objetivos”, diz a subprefeita.
Desafios em rede – Durante os encontros, vários especialistas, frisaram que a sociedade civil deve se fortalecer e dar de fato o direito aos jovens de aprender e a ter acesso ao pleno desenvolvimento, e isso depende de ações articuladas pelos diferentes setores.
As pesquisadoras, Angela Maricondi e Dayse Bernardi, do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes (NECA), participaram de um dos encontros e por meio de uma dinâmica para trabalhar conceitos como confiança, comunicação, respeito, essenciais no desafio do trabalho em rede. “Queremos mostrar os desafios do trabalho em rede, que é muito falado, mas pouco praticado”, explica Dayse.
Com um carretel de barbante nas mãos, Angela convidou alguns participantes a serem personagens de uma história e usou o barbante para mostrar como todos estavam interligados. “O primeiro passo para formar uma rede é a comunicação. A informação tem que circular”, diz a pesquisadora. Segundo ela, atualmente, vivemos uma crise de confiança. “Nessa tecitura, todos nós somos artesãos. Os fios estão sendo seguros nas mãos de cada um, se alguém deixar cair qualquer parte, a rede toda cairá. Por isso é preciso transformar as dificuldades em algo mais construtivo”, complementa Dayse. Na avaliação das pesquisadoras, porém é necessário que a sociedade se movimente. “Nossos limites estão sendo testados o tempo todo”, diz Angela.
Na avaliação de Silvio Fernando Lopes, conselheiro tutelar em São Miguel, que participa desde o primeiro encontro, a oportunidade e única. “Os encontros estão nos aproximando. A iniciativa nos permitiu escutar como o Conselho Tutelar é visto pelos demais órgãos.. Estamos aqui para unir a rede e não culpar ninguém. Queremos que os direitos de crianças e adolescentes sejam respeitados e vistos como um todo”.
Zuleide de Andrade Martins, conselheira tutelar do Jardim Santa Helena, complementa. “Nas últimas semanas, já pude perceber no meu dia a dia que os educadores passaram a nos ver de outra maneira e isso tem nos aproximado”.
Maria de Lourdes Teixeira, coordenadora da EMEF Senador Lino de Mattos acredita nas realizações da rede. “Mais do que renovar a esperança, acredito que esta Rede de Proteção possa fazer acontecer. Afinal como já foi dito, aqui, nós temos que nos movimentar socialmente e pensar em soluções que vão além da escola.”
Depoimentos:
“Quando comecei a participar do curso de formação, pensei que seria mais um curso. Porém, percebo a vontade de todos os participantes de fazerem as coisas acontecerem.”
Maria Lucia Santos Pereira, diretora da EMEF Henrique Felipe da Costa – Henricão.
“A formação acrescenta e traz conhecimento. Aqui, percebi que precisamos melhorar as metodologias para que a Rede se concretize. A escola precisa sair do lugar comum e se profissionalizar”,
Catarina Ferreira, coordenadora pedagógica do CEU Parque São Carlos.
“Com a formação percebi que é preciso fortalecer e fomentar o contato com os órgãos públicos atuantes na região. Acredito que assim poderemos resolver alguns problemas de forma imediata”
Rubens Martins, diretor do CEU Parque Veredas.
“Tratamos a escola como se ela fosse responsável por tudo. Aqui aprendi a ver que é preciso trabalhar em parceria, é preciso trazer a família e os demais órgãos para que possamos assumir a responsabilidade juntos. Precisamos trabalhar o macro, pois é impossível resolver tudo”
Sandra Alves de Almeida, assistente de direção da EMEF Padre Chico Falconi, do Jardim Bartira.