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Podcast “Desiguais” mostra como as desigualdades moldam trajetórias e destinos de todas as pessoas

Compreender e mostrar o impacto de todas as modalidades de desigualdades em todas as etapas da vida, ao destacar como tais disparidades se retroalimentam e crescem a ponto de moldar o destino de cada pessoa. Esse é mote do podcast Desiguais, disponível em todas as plataformas de áudio, no site da revista piauí e no canal do mesmo veículo no YouTube.

 

O projeto, que é uma produção da Maranha Filmes e conta com apoio de Fundação Tide Setubal, OAK Foundation e Ford Foundation. Em seis episódios, o podcast mostra como iniquidades sociorraciais se somam a ponto de minar sonhos e escolhas de pessoas submetidas a contextos com esse teor.

 

“Por isso, quis ouvir pessoas que fossem especialistas no tema não somente porque estudaram ou trabalharam nessa área, mas também por terem vivido essas realidades”, comenta a jornalista Carol Pires. Conhecida pela produção de projetos como o podcast Retrato Narrado, ela está à frente da apresentação e das entrevistas que compõem o Desiguais. Além disso, ela é coautora dos roteiros ao lado de Ana Luíza Vastag.

 

A escolha das pessoas entrevistadas durante os episódios resulta dessa premissa. Nesse sentido, alguns destaques abrangem Adriana Barbosa, Conceição Evaristo, Cida Bento e Mãe Beth de Oxum.

 

A história de Mãe Beth de Oxum, inclusive, norteia o episódio de abertura do podcast Desiguais. A trajetória da líder espiritual é, segundo a jornalista, “diagnóstico e prognóstico”. “Ela viveu todas as desigualdades impostas a ela – por ser mulher, preta, pobre e do Candomblé. Hoje ela se considera uma mulher plena – sem que isso signifique ser rica financeiramente. Esse, às vezes, parece ser o único índice de desigualdade que as pessoas enxergam.”

 

Ações e reações das desigualdades

Outro ponto que tem papel de destaque no podcast Desiguais diz respeito à consequência de decisões políticas. Seja por omissão ou de modo deliberado, elas aprofundam e reforçam disparidades e abismos socioeconômicos existentes entre segmentos historicamente privilegiados ou desamparados.

 

Desse modo, decisões políticas e econômicas que foram marcas de períodos históricos como a ditadura militar, assim como os séculos de escravização de pessoas sequestradas no continente africano, tiveram papéis estruturantes para a organização socioeconômica do Brasil.

 

Ou seja, a desigualdade social é, inquestionavelmente, uma decisão política. “Todo novo governo que decide não olhar para essas desigualdades fundacionais do Brasil está escolhendo mantê-las, pois servem ao propósito dos mais ricos”, reforça Carol Pires.

 

Por fim, a jornalista destaca que um aprendizado resultante da produção do podcast Desiguais diz respeito ao fato de que as diversas disparidades estão interconectadas. E, desse modo, a solução passa pela análise de que as soluções para elas são complexas.

 

“Para mim, a utopia seria de que todas as pessoas tivessem as mesmas oportunidades e que cada um pudesse escolher o que quiser seguir”, completa Carol. “E não que as pessoas mais vulneráveis sejam ‘obrigadas’, entre aspas, a agarrar as únicas oportunidades que lhes são dadas, quando são, muitas vezes oferecidas por quem tem a prepotência de quem faz um favor.”

 

Para dar o play

Os lançamentos dos episódios do podcast Desiguais acontecem sempre às quartas-feiras. Confira no feed do podcast Foro de Teresina, também da piauí, em diversas plataformas de streaming.

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Reprodução / piauí

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